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Escola ou família: quem ensina o quê?

Pais Ou Professores: Quem Deve Impor Limites Na Educação Infantil?

Na escola, a indisciplina ou agressividade são queixas recorrentes dos professores – e, normalmente, a família é apontada como responsável pelo mau comportamento. Afinal, não é função dos pais impor limites e educar as crianças quanto ao que é certo e errado para que elas saibam como agir em outros ambientes?

Em partes, sim. Contudo, isso não livra o professor de seu papel como educador. Apesar de em contextos diferentes, a escola também faz parte da construção de limites das crianças, e não atua apenas transmitindo de conteúdo (especialmente na Educação Infantil, em que a preocupação deve ser o desenvolvimento integral do ser humano). É preciso distinguir a educação de casa e da escola.

Escola ou família: quem ensina o quê?

A família é a primeira instituição social, o primeiro grupo com determinadas regras, ao qual a criança tem contato. Ela é responsável por trabalhar a ética e os valores, os direitos e deveres de cada um, o respeito às outras pessoas. E, é claro, a noção de limites e responsabilidades e o respeito (e não medo) por autoridades. Porém, não é até entrar na escola que a criança precisa conviver de fato com diferenças e aprender a atuar em uma sociedade. Isso, é claro, causa um momento de estresse e frustração absolutamente normal: a socialização é difícil e implica deixar de ser o centro das preocupações dos adultos para, ao invés disso, dividir essa atenção com os colegas; ver-se obrigado a fazer coisas que não gostaria e abrir mão de brinquedos para compartilhá-los com o grupo; obedecer às regras para o bem de todos e seguir uma rotina desconhecida.

A escola, portanto, cumpre uma tarefa essencial de mostrar aos alunos o senso de coletividade e a necessidade de normas para que todos vivam em harmonia.

Quando começar a impor limites?

Desde o primeiro dia, tanto em casa quanto na escola. Na primeiríssima infância, dos 0 aos 3 anos, as crianças estão em uma fase chamada egocêntrica e hedonista: buscam a satisfação imediata e ainda não conseguem entender outros pontos de vista – todo o mundo se resume a elas, ao que sentem e precisam.

Sim, elas são fofas e você pode morrer de pena, mas, mesmo com essa idade, as crianças compreendem o que é certo e errado. Estabelecer rotinas e regras nessa fase transmite segurança e conforto.

Por outro lado, entre os 3 e os 5 anos, elas passam a desenvolver mais independência. É a época de testar limites e descobrir o quanto conseguem fazer por conta própria. Também pode ser um período de agressividade e birra, caso os limites não sejam bem definidos e claros.

Ou seja, na Educação Infantil, elas vão experimentar agressões, mordidas, choro, xingamentos, gritos e todo tipo de pressão que possam conceber para conseguir o que querem. Isso não significa, de jeito nenhum, que essas crianças são más – a tentativa faz parte do desenvolvimento e todos esses sinais de rebeldia são formas de comunicação. Cabe aos adultos mostrar que eles não são eficientes, tampouco o caminho adequado para atingir qualquer objetivo.

Como garantir limites firmes – sem ser um ditador? 

Até aqui, falamos sobre como os limites devem ser estipulados e colocados em prática, mesmo quando as crianças se esforçam para atravessá-los. Ainda que a maioria dos pais e educadores concorde com a teoria, manter-se firme é outra história; é comum acabar criando exceções por medo de ser autoritário demais… ou por pura exaustão.

Dentro de casa, regras e limites são cada vez mais raros. É o que diz Tânia Zagury no livro “Escola sem conflito: Parceria com os pais”: “Os pais têm larga parcela de culpa no que diz respeito à indisciplina dentro da classe. É uma situação cada vez mais comum: eles trabalham muito e têm menos tempo para dedicar à educação das crianças.

Sentindo-se culpados pela omissão, evitam dizer não aos filhos e esperam que a escola assuma a função que deveria ser deles: a de passar para a criança os valores éticos e de comportamentos básicos”. Criadas em ambientes onde todos os seus desejos são prontamente atendidos, é lógico que as crianças repetirão esse modelo em outras situações, inclusive na escola.

Acontece que esse sentimento de culpa e dúvida ao impor regras não afeta somente os pais. Professores também se encontram incertos quanto a onde traçar limites e temem se tornar autoritários demais. Quando não o fazem, questionam se estão sendo omissos ou incapazes.

Isso ocorre quanto o professor não está confortável para educar aquelas crianças: por medo da reação dos pais ou da coordenação ou mesmo por não conhecer suficientemente a história de cada criança para saber como agir. É preciso estreitar a comunicação entre a escola e a família, entender o comportamento dos pais e da criança em casa e como isso se reflete em sala de aula.

A família deve estar de acordo e apoiar as decisões do professor e, para tal, deve ser sempre bem informada. Conversas para explicar as dificuldades de comportamento podem ser acompanhadas de material de leitura que embase o que o professor está sugerindo. Falem sobre o equilíbrio entre limites e liberdades e esclareçam todas as dúvidas de ambos os lados.

Outra chave para impor limites com sabedoria é respeitar a criança e não ferir sua autoestima. Garanta que ela compreende o porquê de poder ou não fazer algo e as consequências de suas ações – explique com firmeza e em poucas palavras, sem enrolação, e então faça perguntas para ver se ela entendeu. Evite dar castigos e punições humilhantes ou fazer comentários pejorativos; chame a atenção em particular, sempre que possível, e não diante de todos os colegas.

Texto completo: https://elmann.com/escola-ou-familia-quem-ensina-o-que/